Crato admite a criação de cursos profissionais para o mar
O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, admitiu hoje em Cascais a criação de cursos profissionais virados para a área do mar, no âmbito da proposta de alargamento dos limites da plataforma continental apresentada nas Nações Unidas.
Nuno Crato considerou que a aposta no mar, para além dos impactos imediatos em termos curriculares, "pode vir a desenvolver-se em escolas determinadas, como as escolas quiserem, com ofertas mais vocacionadas, mais profissionalizadas".
O ministro acompanhou Assunção Cristas, ministra da Agricultura e do Mar, à Escola Básica e Jardim de Infância Rómulo de Carvalho, em Matos Cheirinhos, São Domingos de Rana, para afixar o primeiro de 100.000 mapas "Portugal é Mar" a distribuir pelas escolas do país.
O mapa delimita a actual zona económica exclusiva e a nova área limite da Plataforma Continental apresentada em 2009, no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
A ministra Assunção Cristas salientou, perante os alunos de uma sala de aula da escola Rómulo de Carvalho, que "a parte do mar é 18 vezes mais do que a parte da terra e quando a proposta for aprovada a zona marítima será 42 vezes mais". Para a ministra, a distribuição dos mapas visa "sensibilizar as novas gerações" para as potencialidades do mar, de modo a que possam estudar o aproveitamento futuro dos recursos marinhos.
"Em alguns casos vamos poder pescar mais, noutros vamos pescar menos e noutros não vamos poder pescar", respondeu Assunção Cristas, à questão de uma aluna sobre se o alargamento levará ao aumento da pesca, chamando a atenção para outras "riquezas", como as algas e minerais.
Nuno Crato, questionado sobre a proposta ainda não estar aprovada, destacou a importância pedagógica do tema e mostrou-se confiante de que os limites, mesmo com ajustes, não deverão ser muito diferentes.
"Não tenho comentários a fazer", respondeu o ministro da Educação e Ciência em relação à manifestação de estudantes do ensino superior agendada para hoje à tarde.
Os estudantes deverão concentrar-se pelas 15h00 no Largo do Carmo, de onde seguirão em desfile até à Assembleia da República.
Nuno Crato escusou-se também a comentar os resultados conhecidos do “Atlas da Educação - Desempenho e potencial de sucesso e insucesso escolar por concelho".
O estudo da Associação EPIS - Empresários Pela Inclusão Social, em parceria com o CESNOVA - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova, foi coordenado pelo presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), e ex-ministro da Educação, David Justino.
O documento salienta que 35% de alunos já chumbaram pelo menos uma vez ao longo do seu percurso escolar, o que deve ser entendido como um indicador de que o sistema de ensino nacional "não está concebido para promover o sucesso e a equidade".
Os custos para o país da taxa de 35% de chumbos, tendo por base um custo médio por aluno no ensino básico e secundário de 4000 euros, pode traduzir-se num "desperdício" que "nunca será inferior a 250 milhões de euros por ano".
O ‘Atlas da Educação’ refere ainda uma "manifesta contradição" entre o alargamento da escolaridade obrigatória para o 12.º ano - o que corresponde, regra geral, a um percurso escolar até aos 18 anos - e a legislação laboral, que permite começar a trabalhar aos 16 anos de idade. Uma das soluções seria regulamentar "o trabalho a tempo parcial entre os 16 e os 18 anos de forma a conciliar a frequência escolar e uma integração progressiva no mercado de trabalho".
fonte:Lusa/SOL