Nas primeiras 100 escolas há apenas cinco públicas. Três são de música
Os exames do 6.º ano realizaram-se pela primeira vez no ano lectivo passado e, pela primeira vez, há resultados que permitem elaborar uma lista ordenada das escolas.
À primeira vista, a tabela não difere muito da do 9.º ano ou da do secundário: está cheia de colégios privados no topo e o fundo é composto por escolas públicas. A Escola Secundária Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian (ESACMCG), em Braga é a primeira pública, em 19.ª posição. Os conservatórios do Porto e o de Lisboa surgem em 71.º e em 98.º respectivamente e são a segunda e terceira públicas no ranking a fazer mais de 50 exames.
Ao todo são 1136 as escolas que apresentaram alunos às provas de Português e de Matemática. Alguns, como os colégios Eduardo Claparède, em Lisboa, ou Arautos do Evangelho, em Guimarães, levaram dois alunos — o primeiro obtém a pior média nacional (1 numa escala de 1 a 5), o segundo está em 841.ª posição com 2,75. Outros fazem representar-se por centenas de alunos. A EB2,3 António Sérgio, em Sintra, tem o maior número de alunos, 422, média de 2,69 e está em 901.º.
Matemática e Português
Com seis anos de ensino básico, os alunos revelam as célebres dificuldades a Matemática: um quinto das escolas (19,7%) obtém uma média abaixo dos 2,50. Ao passo que a Português só 1,1% tem esse resultado, no mesmo intervalo de notas.
O Ministério da Educação considera que os alunos têm positiva a partir de 2,50. Na Matemática, há 47% de escolas com notas entre os 2,50 e o 2,99. Do 3 ao 4,67 (o valor mais alto é do Externato da Torre, em Lisboa, com 12 provas) somam-se 378 (33%). Quanto ao Português, entre os 2,50 e o 2,99 são 434 escolas (38%) e as restantes, do 3 ao 4,43 (média dos 14 alunos do Colégio Diocesano Andrade Corvo, em Torres Novas) somam 689 (61%).
Olhando para a média das duas disciplinas, 7% tem notas que variam entre o 1 e o 2,49. Metade está entre o 2,50 e o 2,99. E 483 entre 3 e o 4,32 valores (42%).
A nível nacional é o Colégio Diocesano Andrade Corvo com a média mais alta nas 28 provas — ocupa a primeira posição no ranking de todas as escolas (R1), mas não está contemplado no ranking 2 (R2) porque tem menos de 50 exames. Com precisamente meia centena de provas está em segunda posição o Colégio de Fornelos, em Braga, com 4,22 de média — é a primeira do R2.
Conservatórios no topo
Entre as 24 escolas com notas de 4 a 4,32, apenas uma pública: a ESACMCG, onde foram realizadas 120 provas, a média é de 4, o que a posiciona em 19.º no R1 e no 14.º no R2 — no 9.º ano, está em 38.ª posição no R1 e 26:º no R2, com uma média de 3,75 a 83 provas.
A pública que se segue é o Conservatório de Música do Porto (CMP) em 71.º no R1 e 54.º no R2. No 9.º ano os 18 estudantes conquistaram uma média de 3,78, o 32.º lugar do R1.
A EB de Manteigas n.º 2 não entra no R2 por ter 44 provas, mas é a terceira pública com 3,65 de média no 6.º ano. No 9.º, as 48 provas não correram tão bem e a escola está em 911.ª posição com 2,65.
Voltando ao 6.º anos, segue-se o Conservatório Nacional de Música (CNM), em Lisboa, com 58 provas e 3,62 de média. É 98.º no R1 e 76.º no R2. Mas no 9.º ano cai para 359.º com média de 3 em 32 provas. Por fim, a quinta pública do 6.º ano, em 99.ª posição no R1 e 84.ª no R2, com 237 exames é a EB João de Barros, em Viseu (média de 3,61).
O que têm em comum? À excepção de Manteigas, os pais têm mais de 12 anos de escolaridade. No CNM as mães têm a média mais alta (15,8 anos). Em Manteigas, as progenitoras ficam-se pelos 8,8. Em termos de acção social escolar (ASE) 48% dos alunos é beneficiário. Também neste campo, poucos são os estudantes dos conservatórios com ASE — 11% em Braga; 13,3% no Porto, 18% em Lisboa —; na João de Barros é 26%.
O contexto familiar contribui para o sucesso dos alunos? Sim, dizem os responsáveis. “Esta é uma zona deprimida, com casais a sair do país, outros desempregados e que não se preocupam com a escolaridade dos filhos”, resume Renato Alves, director de Manteigas. Então, como explica os resultados? “Começámos a trabalhar no pré-escolar, com estes alunos, as competências matemáticas e outras e, daqui a três anos, espero que sejam os primeiros do ranking do 9.º”, anseia o director.A equação “bons alunos, bons professores, boas condições e bons órgãos de gestão intermédios e de topo” só pode dar “bons resultados”, acredita Fernando Bexiga, da João de Barros.
“Os pais com maior formação deixam os filhos fazer a opção da música”, reconhece Mafalda Pernão, directora do CNM. Mas para entrar nestas escolas é preciso fazer provas de aptidão, salvaguarda Jorge Ribeiro, sub-director de Braga. Moreira Jorge, do CMP, defende a democratização do ensino da música e refere que, por exemplo, o custo dos instrumentos não pode ser motivo de exclusão; por isso, a escola procura formas de poder alugar os instrumentos.
E a música contribui para melhores académicos? “A música é importante para o desenvolvimento intelectual”, responde Jorge Ribeiro. A grande carga horária permite-lhes “aprender a organizar melhor os tempos livres e os de estudo”, diz Moreira Jorge. Além disso trabalham a concentração, a capacidade de esforço, a comunicação e o trabalho de equipa, acrescenta Mafalda Pernão. “Só se conseguem estes resultados com quem gosta do que faz”, conclui Moreira Jorge.
fonte:http://www.publico.pt